Em uma das maiores rivalidades do futebol mundial, ganhar um clássico português é sempre hesitante e vira motivo de festa, porém ser campeão nacional com seis rodadas de antecedência e com uma vitória no estádio do adversário é algo histórico, fato só não inédito pois já havia ocorrido na temporada 1939/40 no antigo campo benfiquista das Amoreiras pela última rodada do campeonato daquela época.
Tal rivalidade e a atmosfera criada para o confronto trouxeram um alto clima de insegurança, que desmotivou a torcida benfiquista a ir em grande número ao Estádio da Luz, principalmente devido ao fato de uma vitória simples do Porto dar-lhe o título. E o clima nada amistoso já pode ser notado logo no início da partida, quando a torcida passou a jogar objetos no gramado, em direção aos jogadores do dragão.
Para piorar, logo aos 8 minutos em uma saída errada de Coentrão, a bola sobraria para Guarín que próximo à linha de fundo e sem ângulo chutaria em direção ao gol, com o goleiro Roberto falhando e colocando a bola pra dentro, num resultado que servia para o titulo dos dragões. O árbitro Duarte Gomes bem que tentou dar um clima de reação para o Benfica ao marcar um pênalti forçado de Otamendi em Gaítan que Saviola viria a empatar a partida, porém a formatação recuada dos encarnados, e a volúpia ofensiva do Porto, o fariam voltar para frente logo depois, em um pênalti sofrido por Falcao Garcia e que Hulk desempataria.
Além dos gols, o primeiro tempo reservou um domínio técnico do Porto, e algum principio de confusão entre os dois times, propiciados pelo ambiente quente do clássico. Nem o intervalo foi suficiente para que o Benfica apresentasse uma melhora que o credenciasse a uma reação na partida. O time continuava apático, enquanto o Porto chegava quando queria e perdeu chances para definir de vez o placar. A expulsão de Otamendi aos 29, fez o Benfica com um a mais pressionar , porém Oscar Cardozo, que havia entrado na segunda etapa, fez questão de devolver a gentileza ao também ser expulso logo depois por uma entrada violenta em Belluschi.
Nos últimos minutos, o Benfica teve duas chances claras de gol em sequencia para tentar evitar o pior, uma com Sidnei obrigando Helton a fazer um milagre, e no rebote Gaitán acerta a trave. Rodríguez também teve a chance de fazer o terceiro gol do Porto nos acréscimos, porém o 2x1 era suficiente para conquistar seu 25 titulo português, diminuindo assustadoramente à hegemonia do Benfica no certame. Para que se tenha uma ideia, nas últimas 20 temporadas, o Porto levou 13 taças, contra apenas 4 do Benfica, que ainda segue o maior vencedor de Portugal com 32 troféus.
Como retrato da festa em território inimigo, bastou o árbitro encerrar a partida que as luzes do Estádio da Luz fossem apagadas, assim como o sistema de irrigação do estádio fora acionado, mas nada que atrapalhasse a festa dos dragões, que chegaram aos 71 pontos, com uma invejável campanha de 23 vitórias e 2 empates, e estando à cinco jogos de um título português invicto, algo inédito para o clube e que só o rival conquistou na temporada 1972/73, com 28 vitórias e dois empates, campanha que poderá ser igualada caso o Porto vença seus jogos restantes.
O titulo serviu para confirmar uma nova figura no futebol português: o Técnico André Villas-Boas. Com 33 anos, tem apenas a sua segunda temporada como técnico, quebrando paradigmas e conquistando um título. Trabalhou junto com Mourinho no Chelsea e na Internazionale, podendo ser considerado um discípulo do treinador que atualmente está no Real Madrid. Villas-Boas teve em mãos um elenco renovado e com ótimo potencial, conseguindo extraí-lo, e agora colhe os resultados. A equipe ainda esta em condições de conquistar a Liga Europa.
Parabéns à nação portista!!
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