sexta-feira, 19 de março de 2010

Projeto Libertadores 2010 colorado beira o fracasso e tem em Fossati o bode expiatório

O Internacional fechou o primeiro turno do Grupo 5 da Libertadores com 5 pontos, sendo uma vitória e dois empates. Teoricamente é uma campanha razoável, visto que foram dois jogos fora de casa e um em casa, porém a equipe não jogou bem em nenhum jogo, tendo dificuldades em todos, contra adversários potencialmente mais fracos.

Os equatorianos Emelec e Deportivo Quito além do uruguaio Cerro fazem parte da categoria mediana de equipes da Libertadores, não sendo tão fracos quanto a turma boliviana, peruana e venezuelana, porém sem força para ambicionar um título da competição. São equipes que uma vez garantindo a classificação para a segunda fase da competição já terão feito o seu papel, sem surtir nenhuma crise para suas torcidas. O Inter, ao contrário dos seus adversários do grupo, vem da turma top do futebol sul-americano, formado essencialmente por brasileiros e argentinos e outras equipes de tradição, que sempre deve entrar nos jogos pensando na vitória e no título da competição.

O fato é que a amostragem inicial do Internacional na competição decepciona. No primeiro jogo, a culpa da má atuação com vitória suada deu-se ao nervosismo. Na segunda partida, foi a vez da altitude, porém houve uma grande pressão da torcida e da imprensa sobre o esquema, que obrigou Fossati a refletir suas convicções e mudar para o terceiro jogo. No jogo de ontem, jogado em Rivera, porém com 90% de torcedores colorados abarrotando o estádio Atílio Paiva, o colorado mostrou-se mais consistente na primeira etapa, porém sucumbiu na segunda, só trazendo um ponto graças à Pato Abbondanzieri assim como fora no confronto diante dos equatorianos fora. Agora todas as criticas recaem sobre o técnico colorado, que não teria condições de treinar uma equipe grande como o Internacional.

Fossati é um bom técnico na concepção de equipes latino-americana, onde o maior ataque está na defesa, dificultando o avanço dos adversários. Por isso procura primeiro ajustar primeiro o sistema defensivo, para depois deste consolidado, ajustar o restante do time. Porém o futebol brasileiro tem em sua grande parte a mentalidade de atacar e fazer gols, se sobressaindo às ações defensivas. A torcida brasileira não gosta de equipes defensivas, que se preocupam essencialmente a praticar o antijogo de seus adversários, para quem sabe em um lance trabalhado ou até isolado ganhar a partida, ou pelo menos garantir o empate. Fossati tem sim suas responsabilidades no fato do Inter versão 2010 não engrenar, porém o mesmo faz parte do Projeto Libertadores 2010 da direção, que na teoria teria montado uma equipe com características similares à de 2006 para levar o Inter ao bicampeonato da competição.


O principal enfoque do Projeto Libertadores 2010 da direção fora manter a equipe base de 2009, que aos trancos e barrancos conquistou o vice-campeonato brasileiro. Vieram alguns reforços, para posições que a direção considerava pontuais, que acabaram não rendendo o esperado. Além disso, vieram jogadores para posições em que o Inter apresentava certa fartura, como no meio-campo, deixando-os como opções para o setor enquanto que em outras posições como defesa e ataque continuaram basicamente as mesmas apostas de 2009, já consideradas deficientes. Para completar a convicção do projeto, veio um treinador que fora campeão de competições sul-americanas, porém tem suas convicções contrastam com o que a torcida e a imprensa esperam do Inter em campo.

Poucos treinadores poderiam fazer melhor que Fossati. O único setor que pode ser melhorado é o meio-campo, que fora o melhor setor colorado na reta final de 2009, e fora desmontado com as convicções do treinador. A zaga é formada por cavalos cansados, precisando de renovação. O ataque é insuficiente, com nenhum jogador tendo poder de decidir e fazer a diferença. A lateral direita mostra-se insuficiente com Nei e Bruno Silva, este último indicação de Fossati que ainda não mostrou a que veio. Abbondanzieri aparentemente resolveu o problema do gol, dando a segurança necessária ao torcedor e evitando vários gols dos adversários. Talvez tenha sido a única contratração que deu o retorno para a principal competição do ano. Paralelo a isso, não entendo o que está acontecendo nas categorias de base do Inter, já que não fornecem uma quantidade razoável de jogadores de qualidade como antigamente.

Por isto finalizo dizendo que Fossati está sendo o bode expiatório do Projeto Libertadores 2010. O técnico tem sim seus equívocos, porém equivoco maior foi de quem o contratou, e de quem lhe forneceu o material humano para trabalho. O Inter certamente vai se classificar para a segunda fase, podendo até ser campeão, porém hoje digo que o Projeto Libertadores 2010 culmina ao fracasso.

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