Tentei, mas não consegui escrever ontem sobre a queda de Ricardo Teixeira, que agora deixa definitivamente o comando da CBF. Em seu lugar, assumiu, em caráter definitivo, até o fim do mandato em 2015, o vice mais velho, o senhor José Maria Marin, cumprindo a norma do estatuto da entidade.
Marin ficou conhecido recentemente como o “cara das medalhas”, pois durante a premiação do vencedor da Copa São Paulo de Futebol Júnior 2012, o dirigente foi flagrado guardando em um bolso uma das medalhas dadas à equipe campeã, no caso o Corinthians.
Teixeira deixa um dos mandatos mais vitoriosos do futebol brasileiro, com duas copas do mundo, três copas das confederações e cinco copas Américas. Porém ao longo de seus 23 anos de reinado, o ex-presidente esteve envolvido em muitas denuncias de corrupção e evasão de divisas, que se tornaram insustentáveis nestes últimos meses, depois de mais uma nova denúncia, desta vez um suposto superfaturamento para a realização do amistoso entre Brasil x Portugal em 2008, e que aumentou a pressão da opinião publica por sua saída, além de perder os braços fortes que o respaldavam no poder.
A sua saída é um alento para a grave crise de relacionamento da entidade máxima do futebol brasileiro com o Governo Federal, porém, na prática, ainda não é vista com bons olhos, visto que deixou um legado de aliados que poderão dar prosseguimento à sua gestão como laranjas, deixando-o como um comandante informal e evitando, assim, de imediato, uma drástica mudança na entidade.
Não acredito que este mandato tampão vá até o fim, até porque já existem correntes que vislumbrariam uma reorganização do futebol brasileiro, que tomou um rumo perigoso após os rumos com que a CBF o tratou nestes últimos anos, mantendo-o amador e tornando-o obsoleto. Porém para que isso aconteça, os clubes também precisariam se profissionalizar administrativamente, buscando a criação de uma liga nacional de clubes, buscando fortalecer internacionalmente o Campeonato Brasileiro, além de racionalizar a divisão das quotas de TV para manter a competitividade do futebol nacional.
Já em nível de Copa do Mundo, o Governo sairá fortalecido, pois se livra de Teixeira como interlocutor do COL, e buscará um relacionamento direto com FIFA na figura de Joseph Blatter, já que o ”chute na bunda” de Jerome Valcke ecoou mal, e Dilma Rousseff buscará um entendimento diretamente com o presidente da FIFA na próxima sexta-feira, para que o Mundial de 2014 finalmente tenha as suas definições e tome formas. O país terá que usar a diplomacia, pois a velha morosidade conhecida no Brasil incomoda quem está acostumado a cumprir projetos dentro do prazo.
Em um curto prazo, esta mudança servirá apenas para a Copa do Mundo, onde o Brasil terá que se comprometer em arriar as mangas e fazer nos próximos dois anos o que deveria fazer em sete. Que a Copa vai sair, isso não tenho duvidas, pois é muito dinheiro em jogo, porém não se sabe em que condições os turistas gringos encontrarão as cidades brasileiras, qual será o montante total investido e qual o legado que a Copa deixará para o país em melhorias.
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